Só hoje eu entendo porque eu queria tanto crescer.
E só hoje entendo também porque eu não devia ter crescido.
Tudo parece tão difícil agora que tenho mais de um metro
e agora que meus vestidinhos cor de rosa não me servem mais.
Tudo parece tão difícil agora que tenho mais de um metro
e agora que meus vestidinhos cor de rosa não me servem mais.
Ser gente grande é chato e entediante também.
Decisões importantes pra tomar,
responsabilidades a cumprir,
pessoas sempre dispostas a nos decepcionar,
nosso coração sempre propicio a se machucar.
Cobranças demais.
Elogios de menos.
Quando se tem os pezinhos pequenos,
parece mais fácil flutuar,
parece mais fácil acertar sempre
e arrancar com facilidade um sorriso de uma pessoa rabugenta.
Não queria que meus pés tivessem crescido.
Eu era incapaz de perceber,
mas era divertido flutuar.
Flutuar em um mundo de sonhos,
onde tudo parece engraçado,
onde qualquer palavrinha fofa
ou uma carinha de cachorrinho sem dono conserta tudo.
Não queria que meus pés tivessem crescido.
Eles parecem tão pesados agora,
não consigo mais correr,
não sei mais o que é brincar,
dançar parece ser impossível ao redor de tantos críticos.
Não queria que meus pés tivessem crescido.
Eles não obedecem mais meu coração,
se recusam a sair do chão,
se apegam demais a objetividades,
a movimentos friamente calculados,
a relacionamentos tecnicamente planejados.
Queria meus pequenos pezinhos de volta.
E que os comparassem com chaveirinhos,
Aqueles dedos tão perfeitinhos,
que se encaixavam em pequenos sapatinhos.
Queria meus pequenos pezinhos de volta.
Para que as pessoas voltem a se importar comigo.
Ter vários abraços como abrigo.
Fazer em segundos vários amigos.
Queria meus pequenos pezinhos de volta.
Para eu nunca mais pedir pra eles crescerem.
Para eu ouvir novamente belas histórias.
Para eu nunca mais tentar ser, adulta antes da hora.

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