sábado, 3 de agosto de 2013

E se eu não fugisse?

E que tal, não fugir? E que tal viver? Viver em conformidade com os protocolos. Viver como manda o figurino. Obedecer às leis. Leis duvidosas. Que vivem a nos colocar em prova. E que tal se conformar? Parar um pouco de se desesperar. Parar de dar a cara à tapa. Parar de sofrer por antecipação ou de sofrer por opção e indignação. E que tal empurrar as coisas com a barriga? Dançar conforme músicas alheias. Aprender a não discordar. Fazer-se amigo do silêncio. Separar-se das palavras que incomodam amigar-se com as que funcionam. Desistir de sonhos, descer das nuvens, ser prático e enfim encostar os pés no chão. E que tal não se desiludir? Aceitar que os mecanismos da vida são assim. Tudo é de plástico, às vezes de vidro.  Plásticos e Vidros de péssima qualidade. Falsos e facilmente quebráveis. E que tal aceitar a chatice? Afinal... Não é o que todos os dias nos dizem... A vida é assim. Se quiser vencer, progredir,  ser alguém, conquistar coisas, pessoas... Temos que nos alimentar. De conhecimento, diplomas, tapinhas nas costas, indicações, experiência. Temos que nos mostrar capazes, o tempo inteiro. Não temos saídas, não podemos apenas ser ou fazer. Estamos em prova a todo o momento. Então, para que fugir? Para viver do lado marginal da vida? Para ter dedos apontados na nossa direção? Para carregarmos o peso de não ter conquistado o que todos esperam? Para lembrarmos no fim que todos conquistaram aquilo que devíamos ter, Para mostrarmos que resolvemos escolher outro caminho? Qual o sentido disso? No fim das contas para ninguém isso terá valor. Para que fugir? Se todos dizem que é mais fácil aceitar que a vida é assim? 

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