domingo, 30 de dezembro de 2012

É só mais um ano terminando outra vez...




Se pararmos bem pra pensar, iremos perceber o quanto nós seres humanos somos patéticos. Nós dividimos o tempo. Criamos um ciclo curtíssimo. Desde então a gente criou a ilusão de que tudo pode mudar no fim desse ciclo. Temos uma espécie de ilusão, que nos levou a pensar que basta fechar os olhos e contar até cinco e pronto! Tudo será diferente. Largaremos vícios, encontraremos amores, viveremos aventuras, enriqueceremos, ficaremos mais bonitos, deixaremos de ser egoístas, não sentiremos mais inveja, não teremos mais medo, crianças não sentirão mais fome, armas de fogo deixarão de serem usadas, as cracolândias serão extintas, as casas não virão mais abaixo na hora da chuva, elegeremos políticos honestos, vamos valorizar os professores, iremos espalhar pelo mundo a cultura e o saber, viraremos santos, viraremos anjos, não iremos mais errar. Depois, nós abrimos os olhos, curtimos alguma festa, ouvimos alguns fogos barulhentos, acompanhamos a televisão, tiramos alguns segundos para um momento de reflexão. Alguns bebem, outros dormem, outros choram, outros dão risada. Uns vestem branco, outros amarelos, outros preto, rosa ou vermelho. Outros são demasiadamente supersticiosos. Pulam ondas, comem coisas especificas, dão pulinhos com o pé direito, acendem todas as luzes da casa, fazem preces. Geralmente fazemos isso à noite adentrando a madruga.  Depois nós nos cansamos e dormimos. Acordamos renovados, ou talvez com um pouquinho de dor de cabeça, com o estômago meio ruim, alguns nem chegam a dormir, outros não chegam nem a acordar. Mas o interessante é que a maioria de nós acordamos com um sorriso no rosto. Começamos a agir. A colocar em prática nossos propósitos. O tempo vai passando. Sentimos preguiça. Obstáculos inesperados aparecem. Mudanças obrigatoriamente necessárias surgem. Nada parece dar certo. Tudo parece estar contra. E tudo no meio do ciclo milagroso. Começamos a desanimar. E a empurrar tudo com a barriga. Estamos desiludidos. Tivemos um ano péssimo. Passamos a contar os segundos. E de repente já está na hora do ciclo recomeçar. Basta fechar os olhos e contar até cinco e pronto! Tudo será diferente. Largaremos vícios, encontraremos amores, viveremos aventuras, enriqueceremos, ficaremos mais bo...

É, somos patéticos. Dividimos o tempo e criamos rituais. E o pior! Demos importância demasiada pra isso. É uma mania. Muito besta ainda por cima. Achar que as coisas se resolvem no espaço de um estalar de dedos, pensar que amadurecemos só porque ficamos um ano mais velho, ou porque o dia, a semana, o mês acabou.
Sabe quando a gente acorda e resolve dormir mais cinco minutinhos? E esses cinco minutinhos acabam fazendo com que percamos o ônibus? E que por conseqüência disso o nosso dia acaba sendo um inferno em todos os sentidos? Pois é... Quando a gente fica esperando um novo ano entrar pra só então começarmos a tomar atitudes, é isso o que acontece com o ano presente, ele vira um verdadeiro inferno.

Se está a fim de parar de fumar, pare agora, não diga que vai começar o tratamento amanhã. Se quer fazer dieta, recuse agora esse pedaço de pizza, não diga que vai começar na segunda. Se estiver precisando economizar dinheiro, esqueça as vitrines que viu. Se quer encontrar um amor se aproveite das oportunidades, mas não atropele as coisas também, saiba filtrar o que coloca pra dentro de sua vida, nem sempre estar sozinho é o fim do mundo. Quer se destacar? Ouse. Ousar realmente é difícil, mas quando não damos aquele passo que ninguém espera... Infelizmente nada acontece, nada muda, tudo permanece estático. Aí fracassamos.

Quando um ano acaba nosso tempo não acabou e nem começou. O nosso tempo começa quando nascemos e só termina quando morremos. Então não precisamos ter presa, e não precisamos ir devagar demais. Só precisamos parar com a mania de adiar e de deixar tudo para o segundo seguinte.
 


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