segunda-feira, 27 de junho de 2011

Olhos amigáveis


Sempre quis entender
A alma de um cachorro
Aquela expressão de bicho bobo
Que se alegra com um mero osso
Ou qualquer outra coisa mastigável.

Sempre quis entender
A alma do ser humano
Que maltrata o seu amigo
Tão fiel, tão destemido
Que só almeja por carinho.

Sempre quis entender
Porque também viro boba alegre
Quando corremos como moleques
E brincamos até cansar.


Sempre quis entender
Porque dou risada de suas bagunças
Toda sujeira e também das pulgas
E até me esqueci das suas mordidas.

Sempre quis entender
O porquê do seu reboliço
Cambalhotas sem sentido
Alegria alucinada
Por depois de tempos me revê.

Sempre quis entender
O que há por trás
De olhos tão amigáveis
Que transbordam tamanha solidariedade
Parece sempre tão disposto a me escutar.

Sempre quis entender
Sua cara de cão sem dono
Pois se de donos
Já está farto...


Texto dedicado ao meu grande amigo Tobby!

domingo, 26 de junho de 2011

O dia em que o sol resolveu brilhar

E de repente o sol apareceu
E a escuridão
Deve ter se assustado
E se retirou
Até sem contar os passos
Até tropeçou em alguns percalços
E até pensou em voltar
Mas fracassou nessa disputa
A luz a derrotou sem culpa
E ela se esvaiu
Sem deixar sequer vestígios.

E assim o sol apareceu
Trazendo luz
Pra esse frágil lugar
Derrotando os monstros
Que devia derrotar
Que jamais devia ter deixado
Habitar
Esse tão frágil lugar
Que sempre teve esperanças.
De que algo ia fazer tudo mudar e...
Se encontrar
Se encaixar
Se acertar
Se aconchegar, completar.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Só mais uma coisa que escrevi


A quem pretendo enganar
Enquanto finjo ser indiferente
Deixando escapar coisas tão importantes.

Pra quem quero parecer forte
E mostrar que sou capaz de abrir mão
Da ilusão e abraçar a razão.

Ninguém se importa
Se sou fraca ou forte
Louca ou sensata
Triste ou feliz
Ninguém liga
Se transformo tudo em merda
Ou se construo grandes fortalezas.

A quem pretendo decepcionar
Sendo sempre tão covarde.
A quem quero machucar
Tentando mostrar coragem
Enquanto transpareço a covardia.

Talvez tudo isso
Seja baseado naquele medo de ser feliz.
Naquele medo de saltar
Naquele sofrer por antecipação
Naquela insegurança
Que dá sempre a certeza
De que o pára-quedas
Não irá abrir na hora certa.

Naquela certeza
De que a queda virá.
Tudo isso lembra
Aquele receio
De provar novos gostos
E optar sempre pela mesmice.
A chatice da vida sem riscos
A monotonia da vida comum.
A preferência por amores fáceis.
De que adianta reclamar do tédio
E no fundo sempre buscar por ele.

Qual o problema de às vezes abrir mão do agora
E esperar um pouquinho.
Porque gostar de sofrer
Porque gostar de ser triste.
Porque só querer o conforto da presença.
Porque o choro inspira mais do que o sorriso.
Se buscavas um pouco de drama
Pra voltares a escrever... Parabéns
Acho que voltaram a se encontrar.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Lágrimas



Lágrimas são apenas
tristezas... 
Que resolveram aparecer.

Lágrimas são apenas
angústias...
Que insistimos em esconder.

Lágrimas são apenas
alegrias...
Que não conseguimos evitar.

Lágrimas são apenas
emoções...
Que devemos sempre demonstrar.

Lágrimas são apenas
sentimentos que caem em gotas.

Lágrimas são águas
que lavam as impurezas da alma.

Lágrimas são águas que se distribuem a quem tem sede.

Contudo lágrimas são apenas lágrimas
que vem em forma de choro, felicidade e até consolo.

Se às vezes chora bem mais que rires
não se desculpe é bem mais fácil rir com falsidade do que chorar com verdade.

O choro sai quando menos esperamos
naquele momento em que não mais aguentamos...
Guardar qualquer coisa que seja.